Vivi e sobrevivi. Estou viva, com o sangue pulsando rápido. Borbulhante.
É difícil explicar todos aqueles acontecimentos agora que já passou. Na época foi intenso demais e tudo que eu menos queria era escrever.
Porque escrever significava botar pra fora e botar pra fora significava abrir mão, deixar pra trás, expelir todo aquele sentimento de pertencimento àquele lugar. E naquele momento tudo que eu não queria era deixar de pertencer, de viver, de fazer parte.
"Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas não vai só, nem nos deixa sós; leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesmo." Antoine de Saint-Exupéry
Só que eu não queria deixar um pedaço meu, nem levar um pedaço das outras pessoas, daquele lugar. Eu simplesmente não queria ir. Mesmo tendo certeza que aquele era o momento, que aquela transição era necessária. Eu tinha consciência de tudo isso, como não ter estando com aquelas pessoas, naquele lugar. O que mais aprendi no último ano foi sobre a consciência... Mas a emoção gritava tanto que andava me deixando surda, sem chão, sem voz e praticamente sem coração. Sem ar.
Pela primeira vez eu não quis escrever e isso fez toda diferença. Eu quis o sentimento só pra mim, exclusivamente dentro do meu peito. Mesmo colocar oralmente em palavras era difícil e vocês todos sabiam disso. Eu senti tudo, mesmo fingindo estar ignorando, mesmo forçando o sorriso, mesmo querendo me revoltar contra o mundo. Eu precisei sentir tudo, já que sentir é sempre tão difícil para uma pessoa totalmente racional como eu.
E só dois meses depois eu falei tchau e pude voltar para dizer oi novamente.
Sentir e guardar para sentir. Sentir e viver para sentir. Sentir e entender que algumas imagens nem mesmo a poesia das palavras consegue mostrar.
Já estou pronta pra outra, já estou pronto para outro.
Dois mil e quinze.
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