quarta-feira, 29 de agosto de 2012

sobre morrer

um daqueles textos copiados e clichês. 
mas que nos faz refletir sobre uma vida que PRECISA ser vivida, porque inevitavelmente e quando a gente menos espera ela acaba. ENTÃO VIVA!



A morte, por si só, é uma piada pronta.
Morrer é ridículo.
Você combinou de jantar com a namorada, está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana que vem, precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no carro e no meio da tarde morre. Como assim? E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente? Não sei de onde tiraram esta ideia: MORRER!
A troco? Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio estudando fórmulas químicas que não serviriam pra nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física, quase perdeu o fôlego, mas não desistiu. Passou madrugadas sem dormir para estudar pro vestibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer da vida, cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora de decidir, então decidiu, e mais uma vez foi em frente... De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na freeway, numa artéria entupida, num disparo feito por um delinquente que gostou do seu tênis.
Qual é? Morrer é um chiste.
Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida. Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e penduradas também algumas contas. Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira.
Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas cuido eu.
Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce, caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina, começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer. Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas e mulheres magras e morre num sábado de manhã. Isso é para ser levado a sério? Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o sono eterno pode ser bem-vindo. Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não acompanha a mente, e a mente também já rateia, sem falar que há quase nada guardado nas gavetas.
Ok, hora de descansar em paz.
Mas antes de viver tudo? Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas. Morrer é um exagero. E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas. Só que esta não tem graça. Por isso viva tudo que há para viver. Não se apegue as coisas pequenas e inúteis da Vida... Perdoe... Sempre!
Pedro Bial

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

essa metamorfose ambulante

Fiquei pensando em um modo de escrever um monte de coisas que gritam dentro de minha cabeça sem ser vulgar, sem ser clichê e sem parecer aquele monte de baboseiras idiotas que ninguém costuma entender nem se interessar.
Mas é que na real acho bem difícil viver. E ainda assim sou absolutamente apaixonada pela vida.

No decorrer de de minha vida criei uma série de teorias e certezas sobre a vida. Aprendi o que era certo e errado. Aprendi o que era mal e o que era bem. Criei uma série de convicções que ao meu ver criavam que eu era. E de certa forma todas essas ideias contruiram quem eu sou hoje. (só que ao contrário)
Eu sempre tive horror a qualquer tipo de mudança. Eu adiava todas elas o máximo que podia. Eu gostava da rotina, da segurança, da certeza. eu gostava de chegar em um lugar e conhecer exatamente cada pedacinho dali, de saber exatamente o que eu precisava fazer. Eu planejava tudo e em minha cabeça eu tinha tudo em minhas mãos. Eu podia dominar o mundo se quisesse naquela época. Eu pelo menos eu achava que podia.
Então veio a maior mudança, aquela que por instinto eu sempre achei que fosse acontecer. Aquela que eu aceitei, que eu fiquei feliz, veio a mudança que eu gostei porque era a unica que eu queria.
Não sei bem como nem quando o medo de mudar passou. Não sei como nem quando isso influenciou quem eu me tornei hoje. Quando eu me dei conta a mudança já fazia parte de mim, quando eu me dei conta eu já gostava disso.
E junto da mudança veio a descontrução de todas as teorias, uma a uma. Como uma fileira de dominó que cai em efeito cascasta. uma por uma, uma atrás da outra. A mudança me proporcionou uma nova visão de vida. O convivio com as novas coisas me proporcionou um novo senso de realidade. Não acredito em metade das coisas que acreditava, a outra metade tenho dúvias.
Tenho apenas duas certezas na vida: 1-vou morrer 2-Deus existe
Todas as outras coisas são relativas, mutáveis e discutiveis.
Acho que é tudo uma questão de mudança, de mudança de habito, de mudança de ângulo (e porque não?) de mudança de gosto.
Comecei a me questionar de tudo que eu achava errado e tanta gente perto de mim fazia. Comecei a me questionar sobre tudo que eu acredtidava piamente e que talvez nunca tivesse feito sentido. Comecei a me questionar se alguma coisa realmente faz sentido nessa vida.
chegar em casa as 5, 6, 9 horas da manhã depois de ter saído as 22h é de fato errado? São apenas marginais que ficam na rua até essa hora? Será mesmo que todas as pessoas nascem com uma pré-destinação? Drogados são todos vagabundos? Jornais populares não fazem jornalismo sério? Esquerda é errado e direita é certo? Porque eu não posso usar um micro-shots e posso usar uma calça de ginastica? Porque é considerado errado acordar as 11h da manhã? Porque a gente chega aos 20 e tem que NECESSARIAMENTE estar namorado? Porque mesmo a gente precisa namorar um tempão antes de casar? Porque eu preciso ler o jornal todos os dias e saber de tudo que acontece no mundo? Porque eu preciso saber a formula da velocidade média se eu nunca vou precisar calcular isso? Porque eu nunca posso chorar em publico, nem ficar doente, nem estar depressiva, nem estar sorrindo a toa?
E tantas outras regras que a sociedade vai nos ensinando e que ninguém questiona nem pensa sobre isso. Acho que tenho aprendido a aceitar, aceitar é tudo que tenho feito e lutado para conseguir. Aceitar sem pré-conceitos, sem pré-julgamentos, aceitar simplesmente assim.




Parei de me questionar sobre quem eu sou, ou quem serei, ou o que eu quero. Parei de ter uma velha opinião formada sobre tudo. Gosto de estar em constante mudança. Gosto de fazer merda e saber que nunca mais vou repetir isso, mas que pelo menos fiz. Gosto de ter histórias pra contar. Gosto de ter listas de lugares que conheci. Gosto de viajar, de conhecer, de explorar. Como bem disse Raul: "Se hoje eu te odeio/ amanha lhe tenho amor." E essa é a graça da vida, a metamorfose, a mudança. Pelo menos eu só aprendi a graça da vida depois de gostar e parar de ter medo de tantas mudanças.
Parei de pensar sobre o que as pessoas vão pensar de mim. Aquelas que realmente importam vão dizer isso na sua cara. Se realmente importar o que elas estão dizendo eu vou (re)pensar o assunto e tomar atitudes ou não e relação a mudanças. EU vou mudar e mudar de novo. E de novo. E de novo. Até que... até que eu morra, porque nada mais chato do que a rotina.

não sou nada daquilo do que achei que fosse me tornar. não sou nada daquilo do que era. não realizei nada daquelas teorias e idealizações que fiz um dia. mas sou muito mais feliz do que imaginei que fosse possível. e tudo isso muda,
"Eu quero dizer,
Agora, o oposto do que eu disse antes"