quarta-feira, 25 de abril de 2012

10: retomando

tenho um monte de histórias para contar
tenho um monte de novas experiências
tenho um monte de pensamentos, desilusões, alegrias, saudades, sorrisos, momentos.
entretanto tenho pouca vontade, pouca inspiração, poucas palavras.
de alguma forma tudo me parece tão estranho e tão intenso. parece que o tempo escorre por entre meus dedos e ao mesmo tempo que quero continuar aqui sinto a vontade dilacerante de voltar correndo para o Rio. A UFSC me assusta e me fascina.

Mas tenho sentido a mudança correr por entre as minhas veias, tenho sentido a confiança em cada parte de meu corpo. tenho sentido a falta de alguma coisa que não sei o que é.
Deixa eu fazer algumas atualizações que passaram batido aqui, dos já 56 dias longe de casa. Mas na verdade, onde de fato é minha casa? Será que eu ainda tenho um lugar que posso chamar de minha terra? As vezes acho que o desprendimento tem sido tanto que não me sinto mais de lugar nenhum. Enfim, os fatos:

Fui ao Beto Carrero em março com uma das meninas que mora aqui comigo. Vivi intensamente cada momento incrível daqueles dois dias no parque. Vivi intensamente cada cidade que passei e toda a aventura que tive para voltar para casa.
Saímos de Penha, SC as 17h, fomos até Navegantes de ônibus intermunicipal. Quando chegamos lá descobrimos que não tinha mais ônibus para Itajaí naquele dia e indicaram que fossemos a pé e passássemos a ponte. Atravessamos de balsa, em um porto maravilhoso, no final da tarde. O dia ainda estava claro e as luzes dos barcos já estavam acessas. Foi uma das cenas mais bonitas que vi nos últimos tempos. De Itajaí pegamos outro intermunicipal para Balneário Camburiú e só lá conseguimos um ônibus de viagem que viesse até Florianópolis.
Foi incrível!




Os programas de rádio continuam a mil todas as segundas as 16:30 e a experiência está sendo maravilhosa. O rádio é algo apaixonante, vibrante, inexplicável. Duas semanas atrás fui produtora do programa junto com a Gabi de Toni. O nosso entrevistado furou e o desafio foi achar um entrevistado naquela tarde. Faltava exatos 40min para o programa ir no ar, quando entramos na sala de um professor de botânica já indicado pelo nosso professor de radiojornalismo e pedimos para ele ir até a rádio. Ele, super fofo aceitou. Até preciso agradecer publicamente ao João de Deus, professor de botânica da UFSC, que salvou nosso dia, certamente. Eu ainda, muito abusada, pedi para ele chegar 15 min antes para conversar com os apresentadores. Tipo, para ele descer na rádio dali a 10 min. HAHAHHA.
Falando em apresentar, quem apresenta o próximo Cidadão Ponto sou eu mesma! E a tensão já rola solta.
acompanhe os programa



Também teve o Congresso Brasil Argentina Pesquisa e Investigação em Jornalismo. Dois dias de palestras inspiradoras e incentivadoras. Palestrantes interessantes e interessados. A minha maior paixão foi a última palestra de Leandro Fortes. Só mais um jornalista para minha lista de preferidos. Ele foi super o cara, falou de experiências e histórias que me fizeram apenas ter mais vontade de entrar nesse mundo instável e maluco que é o jornalismo. Até saí no site deles...

No Bapijor só não assisti uma das mesas, a terceira. (só a que eu mais queria ver). Porque o nosso primeiro telejornal entrou no ar bem na hora. Estou fazendo algumas matérias na rua, e participando e ajudando na hora do telejornal. Apesar de saber ser loucamente apaixonada por tudo isso, ainda estou me descobrindo e entendendo o que preciso fazer e como fazer isso. Acho que estou curtindo cada vez mais, acho que talvez um dia eu fique boa. Acho que me cobro muito mais porque preciso me sair bem, porque isso é muito mais eu comigo mesma. E talvez por isso esteja sempre insatisfeita demais. Mas acho que insatisfação é algo bom, porque te impulsiona a querer fazer melhor e continuar fazendo. Apenas a repetição pode levar a perfeição.
primeiro Conexão UFSC
segundo Conexão UFSC


Ainda tem toda a história da oficina de dança, mas estou sem fotos no momento, e o post vai ficar gigantesco. Então basta de acontecimentos. Preciso escrever agora. Não apenas relatar, mas tentar explicar como anda minha cabeça.. Talvez colocando em palavras as coisas também fiquem mais claras. Ou mais confusas.
Exatamente cinquenta e seis dias. Agora já tenho pessoas por perto, já me sinto mais a vontade, já penso bem menos no Rio de Janeiro e já quase me acostumei de novo com o ritmo de cidade do interior. (porque apensar de estar na capital, me sinto realmente em um cidadezinha pequena). Tenho pensado muito sobre a importância que um curso de jornalismo exerce em uma Universidade, ainda mais em grandes Universidades. Tenho pensado muito em como a teoria a o mundo acadêmico é importante para a formação na Graduação. Tenho pensado muito em como o mercado de trabalho é injusto, pessoas tão preparadas tecnicamente disputando uma vaga com alguém que não tem noção do que é a técnica. Tenho pensado muito em como sou privilegiada de estar aqui. E por mais que seja difícil algumas vezes, eu tenho tentado dar o meu máximo e absorver o máximo. 
As coisas que presencio, que vejo, que olho, que escuto, que aprendo não podem ser descritas em um diário de bordo em um site na internet. Elas apenas podem ser vividas e aplicadas. Talvez por isso a quantidade de postagem aqui tem diminuído tanto nas últimas semanas. Inconscientemente eu já sabia disso, as vezes eu sinto que simplesmente relatar o que anda acontecendo não adianta muito, porque ninguém dos meus amigos, cariocas, paulistas ou brasileiros estão tendo essa experiência e tampouco entenderão tudo isso que tento compartilhar. 
De qualquer forma, continuo tentando. Penso constantemente na Rural e em como as coisas lá seriam diferentes se fosse como na UFSC. Mas continuo tentando não fazer comparações. 
E só para encerrar, cada vez mais eu tenho certeza de que eu nasci para o mundo, seja onde for, eu sempre estarei feliz. Pelo simples fato de ter a certeza que estou longe de casa e que o retorno é a melhor sensação do mundo. 

ps. desculpem pelo post grande, prometo que tentarei manter-lhes atualizados para evitar acontecimentos como esse. 

a história toda