Essa semana minha amiga de quarto (e de casa) estava terminando um texto para o Blog do ICHS e pediu que eu ouvisse o que ela escreveu. Em meio a tantos verbos objetivos, orações diretas, palavras que devem ser empregadas ao invés de outras, virgula no lugar certo, eu fiquei refletindo... Como é chato esse tal texto jornalístico!
Alguns dias antes, eu estava estudando e lendo Clarice Lispector com a finalidade de apresentar um trabalho na aula de Jornalismo Impresso II, para falar de crônicas. E foi inevitável não fazer a comparação entre os textos. Não que minha amiga tenha feito um texto chato, de maneira alguma, ele era até bem interessante e falava sobre uma palestra que aconteceu na Universidade e que eu não fui por pura preguiça e falta de vontade. Fato é que as crônicas de Clarice, os seus contos e suas frases subjetivas me encantam e me interessam bem mais. E pensando bem eu nunca gostei das coisas tão claras. Explicação demais perde toda a graça da interpretação e descoberta.
Mês passado, participei do Intercom Sudeste, em São Paulo. Durante os dias de Encontro eu vi e ouvi muitas coisas que me inspiraram, foi realmente uma recarga de energias. Uma das frases que mais me marcaram e que eu certamente levarei para toda a vida foi: "O jornalismo não pode ser objetivo, porque não falamos sobre objetos. Ele precisa ser subjetivo, porque falamos sobre sujeitos." E, então apesar entender, aceitar e concordar plenamente com isso eu fico me perguntado porque na faculdade a gente aprende totalmente o contrário?
Sim, eu me sinto totalmente incomodada com o jornalismo ultimamente. Quando mais eu estudo, mais eu aprendo, mais duvidas e aversões eu tenho. Mas não há como, me desculpe, eu não consigo me ver fazendo outra coisa. Entretanto eu usarei as palavras que uma outra amiga de minha casa me disse essa semana também: "Nem sempre o que a gente gosta de fazer é o que a gente faz bem."
Se um dia alguém descobrir o que eu faço bem, por favor me conta tá! Então eu passo a trabalhar com isso. Enquanto isso eu vou insistindo no que eu gosto. Ou no que restou para mim. :*
"O que sou então? Sou uma pessoa que tem um coração que por vezes percebe, sou uma pessoa que pretendeu pôr em palavras um mundo ininteligível e um mundo impalpável. Sobretudo uma pessoa cujo coração bate de alegria levíssima quando consegue em uma frase dizer alguma coisa sobre a vida humana ou animal.” LISPECTOR, Clarice
domingo, 12 de junho de 2011
Literatura, jornalismo, textos, palavras...
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Talvez a wikipedia ajude vc a não sofrer tanto com frases recortadas e conceitos cristalizados: http://pt.wikipedia.org/wiki/Objetividade
ResponderExcluir"É recorrente a discussão sobre a oposição entre objetividade e subjetividade, porém esta disputa não é válida, uma vez que ambas se complementam e não há objetividade pura ou subjetividade pura."
Tudo ocorre no devido tempo. Talvez o agora, não seje o tempo ainda. Talvez lá na frente você descubra, em meio a tantas mudanças, o que realmente você faz bem... talvez você descubra que nasceu para o Jornalismo ou até mesmo poderá se frustar ao encontrar sua vocação em algo tão distindo do contexto jornalístico. Mas, na realidade, isso não importa! O que importa é que cedo ou tarde, você saberá, pois não há talento algum que se esconda por muito tempo. E enquando o tal tempo não chega... aproveite os momentos, as experiências. ;)
ResponderExcluirAmei suas postagens.