Dia desses estava eu em um ponto de ônibus esperando por um amigo. A noite começava a chegar e a chuva insistia em cair. Sozinha e sem muito o que fazer passei a reparar nas luzes da cidade. A noite sempre me fascinou, as luzes, as estrelas. O escuro te impede de ter uma visão ampla e segura, por isso passa a ser tão interessante, te induz a buscar, a descobrir, a se adentrar, a investigar e se entregar totalmente. O escuro é imprevisível. No escuro você enxerga o que não existe, ou não enxerga o que existe, de acordo com o que seus olhos são capazes de ver.
Mas nem só de escuridão se vive, porque quando a noite cai, o sol desaparece, as luzes da rua ligam automáticas. Ninguém precisa ir lá e pedir para acende-las, elas sabem que precisam estar ligadas para que você consiga ter a visão necessária. Mesmo que embasada, mesmo que dificultosa.
Por isso a cidade grande a noite se torna tão bonita. Ela consegue manter a escuridão e fazer com que as luzes te guiem por onde é necessário ser guiado. Já por volta das 20h, quando as pessoas já chegaram em casa depois de um expediente de trabalho, as ruas ficam tranquilas e os carros passam pelo sinal verde da a minha frente borrando as luzes. Eu não vejo dentro do carro, eu não vejo a cor do carro. Mas eu sei que ali tem um carro. Porque mesmo com escuro as luzes me possibilitam ver a sombra que o reflete.
Enquanto a chuva insiste em cair, acaba se configurando na paisagem. Na noite da grande metrópole a chuva faz toda a diferença. Em um ambiente melancólico, frio, triste, a chuva se insere e se coloca como trilha sonora de uma vida. O som do carro passando e borrando a luz é diferente quando há chuva.
No céu só é possível ver as estrelas mais boitas, as que mais brilham. Eu vejo estrelas meio que como pessoas, que olham por mim, que se lembram de mim. E as que resistem a poluição e luzes das grandes cidades são as que mais merecem apoio, elas se esforçaram para que continuassem brilhando dentro de algum coração. Entendam, eu não estou dizendo que o céu de estrelas é mais bonito na grande metrópole do que no interior, em hipótese nenhuma! Eu adoro o céu de Seropédica! Só acho que as grandes estrelas são as que aparecem na cidade, são as que se esforçaram muito para estar ali.
E o tempo passa... E a cidade não pára! Nunca!
Foto 2: Campinas, SP
Foto 1: Centro do Rio de Janeiro
ps. o post da semana era para ter sido um poema feito em uma quinta-feira ociosa por três amigas revoltadas e entediadas. Por ética eu preferi falar o que já era programado. Mas eu preciso comentar... O tema do poema era: "O sonho da casa limpa". (rsrsrsrsr) Desculpe-me, apenas as minhas duas amigas entenderão isso.
"O que sou então? Sou uma pessoa que tem um coração que por vezes percebe, sou uma pessoa que pretendeu pôr em palavras um mundo ininteligível e um mundo impalpável. Sobretudo uma pessoa cujo coração bate de alegria levíssima quando consegue em uma frase dizer alguma coisa sobre a vida humana ou animal.” LISPECTOR, Clarice
sábado, 18 de junho de 2011
domingo, 12 de junho de 2011
Literatura, jornalismo, textos, palavras...
Essa semana minha amiga de quarto (e de casa) estava terminando um texto para o Blog do ICHS e pediu que eu ouvisse o que ela escreveu. Em meio a tantos verbos objetivos, orações diretas, palavras que devem ser empregadas ao invés de outras, virgula no lugar certo, eu fiquei refletindo... Como é chato esse tal texto jornalístico!
Alguns dias antes, eu estava estudando e lendo Clarice Lispector com a finalidade de apresentar um trabalho na aula de Jornalismo Impresso II, para falar de crônicas. E foi inevitável não fazer a comparação entre os textos. Não que minha amiga tenha feito um texto chato, de maneira alguma, ele era até bem interessante e falava sobre uma palestra que aconteceu na Universidade e que eu não fui por pura preguiça e falta de vontade. Fato é que as crônicas de Clarice, os seus contos e suas frases subjetivas me encantam e me interessam bem mais. E pensando bem eu nunca gostei das coisas tão claras. Explicação demais perde toda a graça da interpretação e descoberta.
Mês passado, participei do Intercom Sudeste, em São Paulo. Durante os dias de Encontro eu vi e ouvi muitas coisas que me inspiraram, foi realmente uma recarga de energias. Uma das frases que mais me marcaram e que eu certamente levarei para toda a vida foi: "O jornalismo não pode ser objetivo, porque não falamos sobre objetos. Ele precisa ser subjetivo, porque falamos sobre sujeitos." E, então apesar entender, aceitar e concordar plenamente com isso eu fico me perguntado porque na faculdade a gente aprende totalmente o contrário?
Sim, eu me sinto totalmente incomodada com o jornalismo ultimamente. Quando mais eu estudo, mais eu aprendo, mais duvidas e aversões eu tenho. Mas não há como, me desculpe, eu não consigo me ver fazendo outra coisa. Entretanto eu usarei as palavras que uma outra amiga de minha casa me disse essa semana também: "Nem sempre o que a gente gosta de fazer é o que a gente faz bem."
Se um dia alguém descobrir o que eu faço bem, por favor me conta tá! Então eu passo a trabalhar com isso. Enquanto isso eu vou insistindo no que eu gosto. Ou no que restou para mim. :*
Alguns dias antes, eu estava estudando e lendo Clarice Lispector com a finalidade de apresentar um trabalho na aula de Jornalismo Impresso II, para falar de crônicas. E foi inevitável não fazer a comparação entre os textos. Não que minha amiga tenha feito um texto chato, de maneira alguma, ele era até bem interessante e falava sobre uma palestra que aconteceu na Universidade e que eu não fui por pura preguiça e falta de vontade. Fato é que as crônicas de Clarice, os seus contos e suas frases subjetivas me encantam e me interessam bem mais. E pensando bem eu nunca gostei das coisas tão claras. Explicação demais perde toda a graça da interpretação e descoberta.
Mês passado, participei do Intercom Sudeste, em São Paulo. Durante os dias de Encontro eu vi e ouvi muitas coisas que me inspiraram, foi realmente uma recarga de energias. Uma das frases que mais me marcaram e que eu certamente levarei para toda a vida foi: "O jornalismo não pode ser objetivo, porque não falamos sobre objetos. Ele precisa ser subjetivo, porque falamos sobre sujeitos." E, então apesar entender, aceitar e concordar plenamente com isso eu fico me perguntado porque na faculdade a gente aprende totalmente o contrário?
Sim, eu me sinto totalmente incomodada com o jornalismo ultimamente. Quando mais eu estudo, mais eu aprendo, mais duvidas e aversões eu tenho. Mas não há como, me desculpe, eu não consigo me ver fazendo outra coisa. Entretanto eu usarei as palavras que uma outra amiga de minha casa me disse essa semana também: "Nem sempre o que a gente gosta de fazer é o que a gente faz bem."
Se um dia alguém descobrir o que eu faço bem, por favor me conta tá! Então eu passo a trabalhar com isso. Enquanto isso eu vou insistindo no que eu gosto. Ou no que restou para mim. :*
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