domingo, 8 de junho de 2014

ser do mau

Foi um fim de semana de Disney. No sábado aproveitei a preguiça para ver Frozen, afinal eu precisava me preparar para entender a próxima temporada de Once Upon a Time, além de ser um filme que já estava em minha lista de recomendados principalmente por conta da trilha sonora.
No domingo fui ao cinema ver o comentado Malévola, com a sensacional Angelina Jolie.
Fiquei pensando sobre vilões e toda essa nova onda sobre ser bem ou mau que a Disney anda colocando na cabeça das crianças. Afinal de contas, ter atitudes ruins podem ser justificadas por experiências ruins e/ou mal resolvidas do passado?
Será que uma pessoa nasce do mau ou se torna do mau?

Já havia pensado sobre isso dentro do ambiente de trabalho. Porque há sempre no seu relacionamento profissional o vilão, assim como há sempre o vilão na escola e em todas as situações que vivemos. Sempre há alguém 'do mau'. Só que será que eu já não fui 'do mau' para uma outra pessoa sem nem saber?
Porque nenhum de nós é perfeito afinal. Será que eu já não despertei em alguém um sentimento que abominei quando aconteceu comigo? Dessas coisas simples que a gente faz no dia a dia mesmo, como deixar de dar atenção necessário para um amigo quando ele mais precisa e a gente está ocupado demais com nossa felicidade ou com nossos problemas que julgamos sempre serem maiores e mais sérios.

Ana, sempre considerou a irmã mais velha uma 'bruxa malvada' em Frozen. Ela sempre achou que a irmã mais velha a desprezava e se achava superior ou era mau humorada ou qualquer coisa do tipo. Assim como a gente sempre tem alguém da família que julgamos ser mais 'desnaturado' ou menos integrado, ou mais frio em relação aos problemas. Assim como a gente sempre tem uma tia ou uma irmã ou uma prima que é malvada.

Malévola jogou uma maldição horrível em uma 'praga' que considerou como vingança. e todos ao seu redor a consideram uma bruxa do mau. Quando na verdade, somente ela desenvolveu o true love pela garota. Quando somente ela foi a fada madrinha. Quantas vezes deixamos de nos aproximar de alguém porque ela é a bruxa malvada e depois descobrimos que era apenas uma circunstância que a conduzia para o mau.

Mas será mesmo que todo mau é justificado por uma ação ruim? Porque sempre consideramos que somos pessoas boas, porque sempre consideramos que as pessoas que estão ao nosso lado são perfeitas? Até que essas pessoas por perto 'deixam a máscara cair' e vemos o quão ruim elas eram. Como se nada mais fosse bom nelas. Como se ela tivesse se mantido ao seu lado somente e exclusivamente por algum interesse. Já dizia Deleuze que toda relação é constituída por interesse, seja ela qual for.

Eu concordo com a Disney, os vilões não são de todo vilões. As vezes eles também são heróis. Mas será que as ações ruins podem sempre justificar o mau? Só porque alguém feriu meu coração, tomou uma atitude errada comigo ou deixou de ser meu amigo quando eu mais precisei eu devo deixar de amar? Eu devo me vingar e através dessa vingança perceber e entender que isso não me leva a lugar nenhum? Fico confusa entre o bem e o mau. Entre o bom e o mal. Fico confusa entre as atitudes que tomamos, entre os pensamentos que temos, entre as experiências que passamos. Tudo nos molda, tudo faz de nós pessoas boas e ruins ao mesmo tempo.

Pelo menos agora a gente sabe que as pessoas não nascem ruins, ou pelo menos agora as nossas crianças vão acreditar nisso.
Sem conclusões nem julgamentos. Apenas pensamentos e questionamentos habituais.

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